terça-feira, 30 de setembro de 2008

Era uma vez um jovem columbófilo...

Apesar das muitas apelações, determinado jovem resolveu ser columbófilo! Coisa rara hoje em dia , já que não são tão poucas como isso, as imensas formas de passar o tempo que qualquer jovem tem à sua disposição.


Construiu um pombal da maneira que melhor achou para o fazer e aqui e ali foi povoando o mesmo com borrachos oriundos das mais diversas proveniências.


Uns foram oferecidos, outros foram comprados, sabe-se lá como, porque os dinheiritos são "curtos" na juventude. De qualquer forma, no final das contas, conseguiu juntar cerca de 60 borrachos com os quais tencionava iniciar uma actividade que lhe disseram ser muito interessante e que proporcionaria imensos momentos de prazer num futuro que se esperaria fosse breve.


Seguiu todos os procedimentos que alguns amigos, já mais experientes, lhe foram explicando e eis que se chegou ao momento em que as regras para a sua primeira campanha, foram estabelecidas.


E as regras eram as seguintes:


O moço, teria que, antes de começar o primeiro concurso, entregar na sua colectividade, uma lista com 10 (dez) pombos previamente designados e com os quais iria concorrer com outros concorrentes em idênticas circunstâncias, sem nunca mais poder substituí-los por outros.


Não achou muita graça mas, regras são regras e como lhe disseram que tinha que ser assim em nome da igualdade, não discutiu e assim foi feito.


Viu-se e desejou-se para escolher os pretensos dez melhores borrachos que comporiam a sua equipa e lá fez a entrega da lista na sua colectividade.


Chegou o primeiro concurso, perdeu três borrachos. Durante a segunda semana, mais dois morreram nos fios de alta tensão. No segundo concurso perdeu mais três e no quarto concurso... os restantes.


Não seria de esperar outra coisa para quem se está a iniciar, não tem experiência e não pode, de forma alguma, conhecer as qualidades dos pombos que possui. Aliás, nem os grandes "sabichões" sabem que fará um jovem principiante destas andanças.


Conclusão:

O nosso amigo candidato a columbófilo, chegou ao 4º concurso e terminou a sua primeira campanha, sem honra nem glória, "feliz da vida", com o pombal cheio de outros borrachos mas que não os pôde enviar, em nome da igualdade e agora, como é teimoso e não tem mais nada em que passar o tempo senão de volta dos pombos, vai esperar mais 365 dias, a dar de comer e a tratar os outros borrachos que nunca chegaram a ir a lado nenhum porque não o permitiram e a mais alguns que, entretanto irá voltar a comprar ou a "mendigar" e é desta forma "brilhante" que
a columbofilia recruta a juventude para as suas fileiras.


Pois é... Naturalmente que esta história é uma grande mentira porque ninguém é parvo para se meter numa alhada destas e não é desta forma que se apela aos jovens para virem ser columbófilos em nome da igualdade.


Igualdade seria, todos levarem os pombos á colectividade em carrinhos de mão em vez de só alguns o fazerem e outros levarem-nos de "Mercedes".


Igualdade seria, todos terem um pombal condigno e não uns terem caixotes de sabão a fazer de pombal e outros autênticos palácios.


Igualdade seria, uns terem tempo para tratar convenientemente dos seus pombos e outros só o poderem fazer quando a hora de Verão o permitir.


Igualdade seria, uns terem que trabalhar 8-9 e 10 horas para se sustentarem e sustentarem a família, não restando tempo nenhum para o seu passatempo favorito e outros serem suficientemente "riquinhos" para terem todo o tempo do mundo sem precisarem de trabalhar no duro.


Igualdade seria, uns serem obrigados a andar de rabo para o ar e de raspadeira na mão, dia após dia a sentir o duro que é ser verdadeiramente amante dos pombos e outros serem columbófilos de sofá com todos os criados e mais um para fazerem tudo e mais alguma coisa.



Enfim... Igualdade seria pertencermos todos a um país gerido por gente séria e que qualquer cidadão tivesse direito a ter trabalho condigno, pago com ordenado decente, com tempo para também viver e usufruir das coisas boas da vida bem como tantas outras igualdades que deveriam existir mas são unicamente uma utopia.


Deixemo-nos de hipocrisias, porque a juventude virá se assim o entender e se outros factores que impossibilitam a sua vinda, forem superados, tais como melhores condições económicas para a população, facilidade de construção de pombais sem as aberrações das Cãmaras Municipais e tantos outros.


Muito mais importante e útil que cativar outros para se iniciarem nesta actividade,. será respeitar os que, teimosamente ainda cá se encontram, proporcionando-lhes boas condições e fazendo deste desporto uma actividade saudável, agradável sem regras absurdas e sobretudo com capacidade para premiar os que forem mesmo dignos de serem columbófilos e não marcadores de pombos como são a grande maioria.


Mário Carlos Areosa