Por muito que custe a qualquer cidadão português que se preze, não há lugar nenhum onde sempre se criticaram políticos, leis, regras, procedimentos, responsáveis por isto ou aquilo, enfim, duma maneira geral sempre há descontentamento com situações de actualidade.
Na maior parte das vezes, tenho que concordar que existem razões suficientes para todo esse desagrado. Veja-se em que situação está o país onde, com tantos anos de pós revolução, em que quase nada os portugueses se poderão orgulhar de pertencerem a esta terra, muito por culpa dos políticos que, ao longo de tantos anos nos têm governado.
Se, entretanto, analisarmos bem a situação, chegamos á triste conclusão, que todos nós só temos a política que queremos, ou não estejamos em democracia e com todas as possibilidades que daí podemos usufruir para, rapidamente, podermos escolher aqueles e aquela política que mais nos interesse.
O problema é que, na hora da verdade, tudo fica como dantes, ou seja, os portugueses até gostam do que é mal feito para, quem sabe, trdicionalmente continuarem a dizer mal do que se vai fazendo.
Na columbofilia tem sido, ao longo dos anos, rigorosamente a mesma coisa. Toda a gente sente que este marasmo em que se caiu não interessa a ninguém, passamos a vida a dizer mal de tudo e de todos, cada um para seu lado mas, mudar... nem por isso.
Não estive presente nas Jornadas das Caldas da Rainha, embora para isso tenha sido convidado. No entanto, pelo que me foi dado constatar, também não fiz falta nenhuma, a julgar pelo que lá se passou, especialmente pelas intervenções de alguns, (só mesmo alguns) "faladores".
Como me compete, tive interesse em ler um resumo do que foram as ditas jornadas e embora a iniciativa da federação tivesse sido louvavelmente das melhores, assim o espero pelo menos, não vi grande interesse nas conclusões finais e nada de importante irá ser alterado no futuro.
Os columbófilos portugueses, tal como a maioria da população, passa a vida a dizer mal de tudo e de todos mas na hora de mudar prefere que tudo permaneça igual e até volta a criticar quem pretendeu mudar, mesmo sem sequer saber se a mudança o iria ou não favorecer e sobretudo sem sequer pretender provar e saborear a mudança.
Há mais de 30 anos, tive oportunidade de efectuar um campeonato inédito numa colectividade onde, nessa altura, era responsável. Tratou-se de um campeonato por tempos, ou seja, por soma das médias por minuto obtidas pelos dois primeiros pombos de cada concorrente. Foi um autêntico sucesso e tem sido sempre que o faço.
Uma vez que um pombo que ganha um concurso é aquele que percorre a distãncia em menos tempo, para ganhar um campeonato deveria ser o que percorre o conjunto dos concursos desse campeonato também em menos tempo. Tão simples como isto!
Para tal, bastaria somar as médias por minuto obtidas pelos pombos e no final, ganharia o que obtivesse a melhor média geral de todo o campeonato.
A obrigatoriedade de somar as médias e não os tempos de voo gastos, facilmente se entende pelo facto de os pombos partirem todos do mesmo local mas não chegarem todos ao memo sítio. Só assim se justifica somar as médias e não os tempos de voo.
Apesar da simplicidade e honestidade desta forma de "pontuação", muitos cavalheiros discordam, embora até hoje ainda ninguém explicou com seriedade as razões dessa doiscordãncia. Discordam porque lhes apetece ou porque o autor da ideia não lhes agrada.
Alguns deles falam do chamado "pombo aos trambolhões". Eu explico:
Como todos nós sabemos, volta e meia acontecem concursos irregulares, com mau tempo, onde os pombos chegam compassados. Muitas vezes, nesses concursos, ganham pombos que ao longo dos tempos, sempre se mostraram ser uns autênticos inúteis. No entanto, mesmo numa contagem tradicional de pontos, isso também acontece e, que eu saiba, nunca ninguém veio dizer que o cuncurso não valeu e tem que ser anulado porque o pombo que o ganhou era um "nabo". Contam rigorosamente na mesma, independentemente de o pombo ter ganho com um segundo de avanço em relação ao imediatamente a seguir ou com uma hora de diferença.
Por mais que um concurso desta natureza seja duro de "engolir", nunca foi anulado por essa ou qualquer outra razão. É nessa altura que, numa classificação por soma das médias, os tais "cavalheiros" vêm dizer que, num desses concursos irregulares, vem um "pombo aos trambolhões" e de repente o seu proprietário passa para primeiro lugar num abrir e fechar de olhos. E depois? Pergunto eu. Nesse concurso e nas circunstâncias do mesmo ele foi o melhor, mesmo não tornando nunca mais a ser.
Mais aberrante é tirar um primeiro prémio com um segundo de vantagem e ganhar um ponto e se ganhar com dez de vantagem ganhará o mesmo ponto. Honestidade? Onde?
Pois é! Tenho a felicidade de ter efectuado já muitos campeonatos desta forma e vou continuar e o sucesso foi sempre e continuará a ser uma constante, com um grau de estímulo fantástico até ao último segundo do campeonato.
Resta-me a consolação de, felizmante, haver ainda pessoas de bom senso e que fazem da seriedade uma constante na sua postura como praticantes de uma modalidade que requer, mais que qualquer outra, absoluta capacidade para respeitar os outros no seu todo.
Obrigado Senhor Vasco Oliveira e tantos outros que, sem grande esforço, entenderam tudo isto da forma mais natural e honesta.
Mário Carlos Areosa